Seu Alfabeto na Educação Infantil, sim!

" É correto não querer "escolarizar" muito cedo, mas é importante que não se restrinja de maneira artificial o acesso à cultura e ao conhecimento do meio social que se apresenta" ( BASSEDAS; HUGUET; SOLÉ, 1999)

" Deve-se ensinar a ler e a escrever na pré-escola ou não? (...) Não se deve ensinar, porém se deve permitir que a criança aprenda." ( FERREIRO, 2000)

Muitos educadores defendem a ideia de que apresentar as letras do alfabeto na educação infantil é roubar o tempo da infância e escolarizar as crianças precosemente. Quanto as crianças pertencentes as classes menos favorecidas, alegam que as mesmas não possuem um contato diário que material escrito, por isso é totalmente desnecessário mostrá-las que existem letras. Contudo, acompanhem a minha linha de raciocinio. As crianças não vivem fora da escola em um ambiente letrado? Se, de fato, vivem em contextos desfavorecidos de cultura escrita, não seria um ato de exclusão privá-las desse tipo de comunicação? Por que as letras roubam o tempo de infância? A própria identificação destes sujeitos infantis não é expressa com a união de códigos linguisticos, isto é, o nome de cada um?


É claro que concordo e apoio as colegas quando frisam sobre as aulas impostas, intimidativas que não despertam o interesse e as descobertas, pelo contrário, matam a fome( de aprender dos discentes com suas aulas enfadonhas repletas de cópias e decorebas que só levam a reprodução).


Percebo o universo infantil farto de possibilidades para a inserção de qualquer assunto/tema/conteúdo/area de conhecimento que se objetive desenvolver. Desde que parta da ludicidade, do brincar, do faz-de-contas, do prazer, é possivel e necessário introduzir, se for o caso, envolver, estimular os pequenos a descobrirem o fantástico "mundo das letras".


Partindo deste pressuposto, proponho uma atividade desenvolvida na minha turminha do ano de 2009 sobre o Senhor Alfabeto.


Público alvo: crianças de 4 anos de idade


Título: Seu Alfabeto e suas letras


Duração: o tempo oportuno


objetivo: envolver os alunos em práticas sociais de leitura e escrita através do faz-de-conta e do brincar.


Com muito suspense, os alunos foram preparados para receberem a visita do Senhor Alfabeto. Para recepcioná-lo, organizaram um festa com bolo, balões, doces e refrigerantes. Informei, aos discentes, que o novo amigo que faria parte da nossa turma, se tratava de um senhor muito viajado que conhecia muitas escolas e crianças. Ele costuma visitar as escolas de tempos em tempos para não somente fazer novas amizades com as professoras e crianças, mas para visitar o lar de cada um e seus familiares. Sendo assim, todos deveriam se preparar, pois ele se dirigiria a casa de cada um para passar dois dias. Ainda, expliquei que o Senhor Alfabeto costuma viajar com uma mala onde havia um livro de registro de todas as atividades, brincadeiras e momentos que vivia em cada escola e em cada família ficando a responsabilidades dos responsaveis escreverem o que os filhos faziam com ele e as crianças retratarem o mesmo em forma de desenho.
Antes de ir embora o boneco de pano, presenteou a turma com alfabeto móvel.

Conclusão: O Seu Alfabeto visitou todas as familias e cada vez que ele retornava para a escola era uma festa só, todos queriam que eu lesse o texto escrito pela familia e visualizarem o desenho feito pelo colega. Estando, desta forma, em constante processo de letramento e alfabetização. Através da imaginação, do toque e dos olhares sobre o corpo do boneco de pano, os educandos espontaneamente apropriavam-se dos códigos linguísticos.


Outras maneiras: pode-se criar a companheira do Senhor Alfabeto, a Senhora Numeral para introdução dos números;


Levar um o outro, ou o casal para um passeio nos arredores da escol, trabalhando historia e geografia;


Escrever previamente um diário de bordo com textos, imagens e registros ficticios dos lugares que Seu Alfabeto visitou.


Entre tantas outros encaminhamentos consoante a turma.



Referência: BASSEDAS, E. ; HUGUET, T.; SOLÉ, I. Aprender e ensinar na Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed, 1999.


FERREIRO, Emilia. Reflexões sobre alfabetização. 25 ed. São Paulo: Cortez, 2000.